Deputados cassados

O ex-deputado estadual Eurico Barbosa dos Santos, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), foi entrevistado pela repórter Luciana Martins, da TV Assembleia. A entrevista está na programação da emissora. O telespectador pode assistir pelo canal 8 da NET ou pelo Portal da Casa.
Eurico Barbosa é o primeiro a ser entrevistado dos quatro deputados estaduais vivos, dos 11 que foram cassados pelo regime militar. Os próximos serão Joaquim Olinto Meirelles, Olímpio Jayme e Cristóvão do Espírito Santo.
As entrevistas da TV Assembleia serão transcritas para compor um livro de homenagem aos deputados goianos cassados pela ditadura militar. A iniciativa é do deputado Mauro Rubem (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Alego.
O livro terá três partes: resumo biográfico, transcrição das entrevistas dos quatro vivos, e um artigo reflexivo sobre o período da ditadura.
Eurico Barbosa disse que não guardou ressentimentos de sua cassação, que aconteceu em 13 de março de 1969, quando exercia mandato de deputado estadual pelo MDB, na 6ª Legislatura da Alego. “Não guardei ressentimentos, nem me intimidei, e acabei privilegiado porque voltei para a Assembleia em 1982, e vim a ser presidente da Casa”, frisou.
Ele revelou que perdeu um pouco o interesse pela política, porque esta perdeu seu valor intelectual e o “ideológico acabou completamente”.
Em seu currículo, constam a presidência da União dos Estudantes Universitários (1955) e o fato de ser um dos fundadores da Associação dos Cronistas Esportivos de Goiás. “Tive o privilégio de presidir entidades importantes, a exemplo da Academia Goiana de Letras, em 2003 e 2004.”
Eurico foi conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado, em 1999. Disse que fez legiões de amigos por onde passou, inclusive na Assembleia. Hoje, dedica-se mais à literatura. É autor dos livros “Confissões de Generais: A Intervenção Militar na Política Brasileira”, “Pedro Ludovico: a Mudança Revolucionária”, “História e Lembranças”, “A Noite de 15 Anos” e “Rui Barbosa e o Ideal do Tribunal de Contas”.
Encerrou a entrevista citando uma frase do astrônomo Titho Brahe: “Não vivi em vão”.