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Deputado Mauro Rubem solicita inclusão de Carta-Manifesto “Cerrado das Águas, Território de Luta” nos Anais da Alego

11 de Setembro de 2025 às 15:26
Deputado Mauro Rubem solicita inclusão de Carta-Manifesto “Cerrado das Águas, Território de Luta” nos Anais da Alego

A carta, segundo o parlamentar, expressa a voz das comunidades camponesas ao denunciar a violência do agronegócio e da mineração, refletir sobre a resistência diante da degradação do Cerrado e defender a agroecologia, a vida digna no campo e a sustentabilidade dos territórios

O deputado Mauro Rubem (PT), durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), apresentou requerimento solicitando a inclusão, nos Anais da Casa, da Carta-Manifesto da XI Festa Camponesa – Cerrado das Águas, Território de Luta. O documento foi redigido por comunidades camponesas da Arquidiocese de Goiânia, com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT Goiás), e lido publicamente no último dia 6 de setembro, na comunidade de Santa Rita do João de Deus, em Silvânia (GO).

Segundo o parlamentar, a carta possui grande valor simbólico, social, político e cultural. O texto manifesta a voz das comunidades camponesas, trazendo reflexões sobre a resistência dos povos da terra diante da degradação do Cerrado, a denúncia da violência do agronegócio e da mineração predatória, além da defesa da agroecologia, da vida digna no campo e da sustentabilidade integral dos territórios.

“A carta é um legítimo grito popular por justiça socioambiental, um registro da luta viva por um modelo de país que valorize quem de fato cuida da terra, das águas, das sementes e da cultura”, afirmou Mauro Rubem.

O deputado destacou ainda que a inclusão do documento nos registros oficiais da Alego representa não apenas o reconhecimento institucional da manifestação democrática das comunidades camponesas, mas também um compromisso do Parlamento goiano com a defesa dos direitos humanos, da preservação ambiental e da valorização dos povos do Cerrado.

Segue, abaixo, a íntegra da carta:

CARTA-MANIFESTO DA XI FESTA CAMPONESA

Cerrado das Águas, Território de Luta

Santa Rita do João de Deus, Silvânia, Goiás, 06 de setembro de 2025.

Às comunidades camponesas de Goiás, Aos povos e nações do Cerrado,

Aos movimentos sociais e aliados da causa da terra, Às autoridades constituídas,

A toda a sociedade,

Neste chão sagrado de Santa Rita do João de Deus, sob o manto verde e as veredas do Cerrado, nós, mulheres e homens do campo, povos da terra, reunidos na XI Festa Camponesa, organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelas Comunidades Camponesas da Arquidiocese de Goiânia, elevamos nossas vozes em um só grito: pelo Cerrado vivo, pelas águas livres e por um território de dignidade!

Nosso encontro, mais do que uma festa, é um ato de resistência e de fé. É a celebração da cultura camponesa, que há séculos tece a história desta região com os fios da diversidade, da fé, do trabalho e da comunhão. Aqui, a catira, o forró pé-de-serra ecoa nossa alegria, o caldeirão comunitário alimenta nossos corpos e nossas almas, a prosa no alpendre fortalece nossos laços e a benção da colheita nos lembra que somos guardiões da Criação. Nossa cultura é a seiva que corre nas entranhas do Cerrado, é a manifestação viva de um povo que se entrelaça com seu bioma.

A vida camponesa é um testemunho de resiliência e sabedoria. É no roçado familiar, na criação de animais soltos, no quintal produtivo e no extrativismo sustentável que garantimos alimento saudável na mesa do povo brasileiro e construímos um modelo de existência em harmonia com a natureza. Nossa vida é pautada pelo ritmo das chuvas, pelo canto dos pássaros, pela fertilidade da terra e pela generosidade das águas que brotam desse nosso berço, o Cerrado, a caixa d’água do Brasil.

No entanto, nosso “Território de Luta” é constantemente violado. O avanço do agronegócio exportador, com seus monocultivos e venenos, a mineração predatória, a grilagem de terras e a especulação imobiliária secam nossas nascentes, envenenam nossos solos, expulsam nossas famílias e ameaçam extinguir a rica socio-biodiversidade do Cerrado. Este modelo de morte, que privilegia o lucro acima da vida, é a maior negação do cuidado com a nossa Casa Comum, como nos convocava o Papa Francisco.

Portanto, nossa festa é também um grito de alerta e um chamado à ação. O desafio de cuidar da Casa Comum é, para nós, uma missão sagrada. Preservar o Cerrado e suas águas não é uma opção, é uma condição para nossa própria sobrevivência física e cultural. Defendemos um projeto de sustentabilidade integral, que una:

  • A Sustentabilidade Econômica: Através da agroecologia, da valorização dos produtos da sociobiodiversidade, da garantia de preços justos e da ampliação de políticas públicas de compra da agricultura camponesa, como o PAA e o PNAE.
  • A Sustentabilidade Social: Pelo fortalecimento das comunidades, garantindo educação do campo, saúde, assistência técnica adequada e o direito à terra e ao território, combatendo todas as formas de violência e opressão.
  • A Sustentabilidade Cultural: Pela valorização e transmissão dos saberes tradicionais, das sementes crioulas, das festas, rezas e modos de vida que nos constituem como povo.

Exigimos e nos comprometemos com:

  1. A demarcação e titulação dos territórios tradicionais e camponeses.
  • A implementação de políticas efetivas de proteção e recuperação das nascentes e matas ciliares.
  • O fim do desmatamento, “zero no Cerrado” e a aplicação rigorosa do Código Florestal.
  • A transição urgente para um modelo agroecológico, livre de agrotóxicos e transgênicos.
  • O respeito e a garantia dos direitos humanos para todos os povos do campo, das águas e das florestas.

Que Nossa Senhora da Abadia, padroeira do Cerrado, e todos os mártires que irrigaram esta terra com seu sangue, como o saudoso Dom Tomás Balduíno, nos inspirem e fortaleçam na caminhada.

Seguiremos em luta, celebrando a vida, cultivando esperança e defendendo nosso Cerrado das Águas, nosso Território de Luta!

Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Goiás

Comunidades Camponesas da Arquidiocese de Goiânia participantes da XI Festa Camponesa”

Gabinete Dep. Mauro Rubem Conteúdo de responsabilidade do deputado e sua assessoria de imprensa, não representando opinião ou conteúdo institucional da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
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