Combate à hipertensão

A hipertensão é fator preponderante para 51% das mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC) e 45% das mortes por problemas cardíacos no mundo. Esses dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) motivaram a criação do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, comemorado anualmente em 26 de abril. No Brasil, a data foi instituída pela Lei nº 10.439 de 2002.
Com o objetivo de contribuir para a conscientização de seus servidores e da população sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença, o Portal da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) ouviu a médica generalista Luana Espíndola de Amurim, que atua na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás.
Em primeiro lugar, é preciso conhecer um pouco mais sobre o problema, que é muito comum na população e que, assim sendo, pode passar desapercebido ou ser subestimado, além da necessidade de entender seus números de aferição.
A hipertensão é caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140×90 mmHg (milímetro de mercúrio), popularmente conhecida como 14/9. O primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração; o segundo, à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa.
Luana de Amurim explica que a Hipertensão Arterial Sistêmica, também chamada de HAS, é considerada uma questão de saúde pública mundial porque é uma doença crônica e de evolução lenta, que quase sempre é diagnosticada tardiamente e correlacionada com algumas complicações como coronariopatia, AVC, infarto agudo do miocárdio e doença renal, se tornando, dessa forma, um importante fator de risco.
De acordo com a médica, a hipertensão é caracterizada por elevados níveis pressóricos do paciente — acima de 139x85 a 89 mmHg já é considerada como hipertensão de grau 1. “É diagnosticada através da monitorização de 24 horas, com aferição domiciliar. Seus níveis elevados podem provocar alterações de função e estrutura de órgão-alvo, além de alterações metabólicas que podem acarretar em complicações fatais. Esses fatores de risco e sinais de lesão de órgão devido à hipertensão são diversos”, esclarece a médica.
Ela cita ainda condições e fatores agravantes como idade, tabagismo, quadros de dislipidemia (níveis elevados de colesterol e triglicérides no sangue), diabetes, obesidade, doença cardiovascular, história familiar e sedentarismo.
Prevenção
A profissional de saúde aponta que, atualmente no Brasil, cerca de 36 milhões de indivíduos adultos (32,5%) e mais de 60% dos idosos são portadores de HAS. “Portanto, com dados tão alarmantes, tendendo ao aumento, é necessário atuar para prevenir complicações nesses pacientes hipertensos, principalmente no que se refere ao AVC e casos de doenças isquêmicas do coração, que são consequências diretas da hipertensão arterial sistêmica alta.”
Ficar atento aos sinais de alerta é a primeira recomendação que faz a médica. Caso você sinta tontura, falta de ar, palpitações, dor de cabeça frequente e alteração na visão, procure avaliação de um profissional e estabeleça uma rotina de checagem da pressão arterial.
Cartilha
O Ministério da Saúde tem uma cartilha que auxilia na prevenção e controle desse mal silencioso que, na grande maioria dos casos, não tem cura, mas pode ser controlado. Nem sempre o tratamento significa o uso de medicamentos, sendo imprescindível a adoção de um estilo de vida mais saudável, com mudança de hábitos alimentares, redução no consumo de sal, atividade física regular, não fumar, e moderar o consumo de álcool.
Monitoramento na Casa
Durante a Campanha de Combate e Prevenção à Hipertensão promovida pela Assembleia Legislativa, em 2019, foram realizadas dezenas de aferições de pressão arterial em visitantes e servidores do Legislativo, por meio da Diretoria de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho. Ao todo, foram 244 atendimentos em um único dia e, deste total, 21% apresentaram resultado acima da normalidade. Foi a última campanha voltada para o enfrentamento ao problema que pôde ser realizada, desde que se iniciou a crise pandemica de covid-19, no início do ano passado.
O número considerado alto demonstra a importância das políticas públicas de maior atenção à prevenção e diagnóstico. Os demais — 79% dos atendidos — apresentaram pressão normal (62%) ou normal limítrofe (17%).