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Dia Nacional do Cerrado

10 de Setembro de 2021 às 15:10
Crédito: Seção de Publicidade
Dia Nacional do Cerrado
Dia Nacional do Cerrado
A importância do segundo maior bioma da América do Sul é destacada nesta matéria especial sobre o Dia Nacional do Cerrado. Savanas, campos, matas e reservas de água formam o Cerrado brasileiro.

Ele é considerado o berço das águas brasileiras e o segundo maior bioma da América do Sul. Designa um conjunto de ecossistemas que se fazem presentes em todo o Brasil Central. Savanas, campos e matas compõem a rica paisagem alvo de homenagem neste 11 de setembro, data que marca o Dia Nacional do Cerrado. 

A celebração foi instituída em 2003 para lembrar a importância do bioma, que abrange mais de 20% do território nacional e abriga em seu subsolo grandes reservas de água doce.  Além de Goiás, o território do Cerrado se estende também pelos estados de Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de trechos isolados (enclaves) no Amapá, Roraima e Amazonas. 

Os aquíferos do Cerrado são responsáveis por abastecer oito importantes bacias hidrográficas, incluindo a Amazônica, a do Prata e do São Francisco, que são consideradas as três maiores do continente. Esse potencial hídrico é de fundamental importância para o abastecimento e manutenção da vida nas cidades.   

Sociobiodiversidade

Dono de fauna e flora exuberantes, o Cerrado é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o bioma possui mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas, 199 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 1.200 espécies de peixes. Entre as espécies de sua flora, mais de 200 têm uso medicinal e mais de 400 podem ser usadas na recuperação de solos degradados.

Essa riqueza é fonte de sobrevivência para diversas populações tradicionais que habitam o bioma e dele extraem tanto a sua subsistência alimentar quanto econômica. Dentre essas, estão comunidades indígenas, quilombolas e camponesas. 

Os frutos do pequi, do buriti, da mangaba, da cagaita, do bacupari, do cajuzinho do cerrado, do araticum e as sementes do baru são exemplos marcantes da dieta e do comércio regional movimentado por essas populações. Em Goiás, o povo indígena Karajá e os quilombolas Kalunga são alguns dos representantes mais emblemáticos dessas comunidades tradicionais do Cerrado. 

Nas redes sociais da Alego, a série “Eu Amo Cerrado” traz postagens semanais com conhecimentos que incentivam a preservação do bioma. Até o momento, já foram divulgadas informações sobre algumas árvores típicas, como o pequi, o ipê-amarelo e a ata ou fruta-do-conde.

Turismo sustentável

As paisagens do Cerrado também revelam belezas naturais de grande valor turístico. Cachoeiras, cavernas, rios e cânions são parte do mosaico de lugares que encantam visitantes e alimentam a economia de vários municípios da região. 

As áreas naturais protegidas são, via de regra, as portas de entrada para muitos desses atrativos. Ao todo, o bioma possui atualmente mais de 5 milhões de hectares de vegetação sendo preservados em suas 64 Unidades de Conservação (UCs) federais. 

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), somente em 2019, essas unidades receberam quase 800 mil visitantes. “As cinco unidades mais visitadas foram o Parque Nacional de Brasília, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Parque Nacional da Serra da Canastra, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional da Serra do Cipó”, informou o órgão em matéria especial sobre o tema, divulgada ano passado. 

Goiás abriga, atualmente, duas Unidades de Conservação (UCs) federais: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (citado) e o Parque Nacional das Emas. Eles estão localizados no Nordeste e no Sudoeste goianos, respectivamente. O primeiro, entre os municípios de Alto Paraíso, Cavalcante, Nova Roma, Teresina de Goiás e São João da Aliança; e o segundo, entre Mineiros e Chapadão do Céu.

Ameaças

Importante para a economia da região, o agronegócio se destaca como um dos principais fatores de ameaça à preservação do Cerrado. Nas três últimas décadas, mais de 60% das áreas nativas de ocorrência do bioma foram integralmente devastadas para abrigar as atividades de desenvolvimento do setor, cujas fronteiras permanecem em constante processo de expansão. Os dois maiores vilões desse cenário são a pecuária extensiva e as monoculturas de soja e cana-de-açúcar.

Essa situação faz com que o Cerrado seja considerado, hoje, um dos hotspots mundiais da biodiversidade. Isso significa dizer que é um dos biomas mais ricos, ao mesmo tempo em que é também um dos mais ameaçados do planeta.  Por essa razão, é tido como área prioritária para a preservação - uma recomendação que permanece, no entanto, sendo, em grande parte, ignorada.

Uma prova disso é o fato de o Cerrado ser o hotspot que possui a menor porcentagem de áreas sob proteção integral. Menos de 3% de seu território está legalmente protegido por Unidades de Conservação dessa natureza e pouco mais de 5% são hoje destinados ao uso sustentável. Esse percentual corre o risco de se tornar ainda menor, caso o projeto que tenta reduzir, novamente, a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros seja aprovado no Congresso Federal. 

“O Cerrado está em disputa. De um lado, encontra-se a visão economicista, que toma o Cerrado como maior corredor produtivo do Brasil, ou seja, o espaço do boi, da soja e da cana. Do outro, está a visão do Cerrado como vida, que tenta valorizar a beleza de suas paisagens, a importância de sua biodiversidade, o valor mundial de suas águas e que busca alternativas econômicas fora do padrão econômico dominante”, arremata o professor Eguimar Felício Chaveiro, professor do Instituto de Estudos Socioambientais da  Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG).

A disputa é grande. Que vença o Cerrado!

Agência Assembleia de Notícias
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