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Patrimônio da Humanidade

25 de Julho de 2023 às 11:00
Patrimônio da Humanidade
Cidade de Goiás chega ao 296º aniversário com a marca de um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos e urbanísticos do período colonial do Brasil. Deputado Wagner Camargo fala de ações em prol do município.

Originária da chegada das bandeiras que adentravam o interior do Brasil em busca de ouro e pedras preciosas, a antiga Vila Boa continua guardando um enorme tesouro do povo goiano. Tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2001, como Patrimônio Cultural da Humanidade, a cidade de Goiás preserva um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos e urbanísticos do período colonial do Brasil. Nesta terça-feira, 25, a cidade completa 296 anos de fundação. Representante da região, o deputado Wagner Neto (Solidariedade) tem atuado em várias frentes em prol do município.

Nas águas do Rio Vermelho, que corta o antigo Arraial de Santana, a história de Goiás se reflete: da cidade, do estado e dos indígenas.

Foi ali, às margens do manancial, que um grupo de bandeirantes desembarcou, na primeira metade do século XVIII. Liderados por Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, os homens vinham de São Paulo rasgando os sertões do país em busca de ouro e pedras preciosas. Segundo alguns historiadores, no século anterior, o pai Bartolomeu Bueno da Silva já tinha estado na região, mas a descoberta de ouro, em grande quantidade, onde futuramente seria o estado de Minas Gerais, atraiu o grupo.

Anos mais tarde, o menino que acompanhara o pai naquela primeira expedição voltou às minas próximas aos rios Vermelho e Bugres e ali se fixou com seu grupo. 

Nessa época, o Brasil ainda era uma colônia de Portugal. Os núcleos urbanos se restringiam, quase que somente, ao litoral brasileiro. O interior do país ainda era um território desconhecido, que ia sendo desbravado pelas bandeiras, expedições organizadas por aventureiros que iam em busca de enriquecimento, na captura de indígenas para serem vendidos como escravos e, mais tarde, para prender os negros escravizados fugitivos e destruir os quilombos.

No ano de 1727, a bandeira que chegou e se fixou para explorar as minas auríferas próximas ao Rio Vermelho funda o Arraial de Santana e Bartolomeu Bueno é nomeado capitão-mor das minas.

Na década seguinte, o nome Goiás surge pela primeira vez. Para tornar o controle das minas mais eficiente, a Coroa Portuguesa cria uma comarca no então vilarejo de Santana, que passou a ser chamado de Vila Boa de Goiás (na época grafado Goyaz), ainda jurisdicionada à capitania de São Paulo.

O nome Goiás faz referência a uma tribo supostamente existente na região: indígenas de nome goyá (“goyazes”, “goiases”, “guayazes”, “guaiás”, “guoyá” ou “goiá”). A existência dessa tribo nas proximidades de Vila Boa é questionada por alguns pesquisadores, mas no imaginário popular, ficou sendo a explicação para o nome dado ao estado.

Mais uma década se passa e, em 1748, o território é desmembrado e é fundada a capitania de Goiás. A Vila Boa é alçada à condição de capital da capitania e dom Marcos Noronha, o Conde dos Arcos, se torna o primeiro governador.

Em 1822, com a proclamação da Independência, as unidades da divisão administrativa passam a se chamar províncias, portanto a capitania de Goiás se torna província de Goiás. O termo dura até o fim do século. A partir da instituição da República, em 1889, a província se transformou no estado de Goiás.

E a Vila Boa cresceu, recebeu equipamentos públicos, uma faculdade pública de Direito (que depois se tornaria a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás), o Lyceu de Goiás, que foi a segunda escola secundarista do Brasil, com qualidade de ensino equiparada à Escola Dom Pedro, na capital federal, e diversas instituições. Como sede político-administrativa do estado, era a cidade mais desenvolvida cultural e socioeconomicamente.

Vila Boa ainda experimentou um período de declínio econômico com a escassez do ouro, já que os exploradores retiraram tudo o que conseguiram das superfícies auríferas e, na época, não havia ainda tecnologia que propiciasse retirada de locais mais profundos.

Mas mesmo assim, ainda era a cidade mais desenvolvida culturalmente no estado. "Era conhecida como a Atenas de Goiás", ensina o doutor em história pela UFG Jales Mendonça.

Pós-doutor em Geografia, Bento Fleury informa que a própria conformação geográfica da cidade de Goiás contribuiu para que ela desenvolvesse uma tradição cultural muito forte e particular. "Muitos portugueses, mineiros, paulistas, índios e negros passaram a criar uma sociedade miscigenada. Com uma grande quantidade de pessoas, uma cidade muito movimentada, mas perdida. Por conta das dificuldades de se chegar até lá, ela não estabelecia muitos vínculos, comunicação. Ela ficava isolada, isolava seu povo e criou uma cultura muito peculiar, porque não sofreu influências muito grandes, vindas externamente", diz o professor.

O que mudaria, definitivamente, os rumos da Vila Boa, seria a transferência da capital do estado para Goiânia. A ideia, que já vinha de outros tempos, foi materializada por Pedro Ludovico Teixeira, nomeado interventor do estado por Getúlio Vargas, após o golpe, em 1930, o que provocou um esvaziamento da cidade.

Com o aval do presidente Vargas, já em 1933, Pedro Ludovico lançou, na Campininha das Flores, a pedra fundamental da nova capital. Dois anos depois, a nova Constituição do estado, votada pela Assembleia Legislativa de Goiás, sacramentou a transferência. A Carta Magna também estabelecia garantias para a cidade, que deixava de ser capital.

O artigo 5º das Disposições Transitórias da Constituição Estadual de 1935 trata da mudança e, no parágrafo 3º está escrito: "– O Govêrno empregará medidas consentâneas que salvaguardem os interêsses econômicos da cidade de Goiaz".

Mas, segundo Jales Mendonça, isso nunca aconteceu. Ele explica que a regulamentação do disposto na Constituição deveria ser feita por uma lei. O projeto de lei chegou a ser elaborado, mas nunca foi votado. "A regulamentação acabou sendo feita por decreto de Pedro Ludovico, que não previa recursos para a cidade de Goiás. Tudo seria investido em Goiânia. Goiás ficou totalmente desamparada e colapsada", diz Mendonça.

O doutor em história, que fez do tema sua pesquisa de doutorado, cuja tese resultou no livro "A Invenção de Goiânia - o outro lado da mudança", compara o que aconteceu em Goiás a outras situações, para exemplificar a dimensão do prejuízo que a antiga Vila Boa teve. "Quando a capital federal saiu do Rio Janeiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro ficou no Rio, várias empresas públicas ficaram no Rio, como o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], a Petrobrás, a Eletrobrás. Em Minas Gerais, quando da transferência da capital para Belo Horizonte, isso também foi pensado. Aqui em Goiás, tudo foi transferido para Goiânia: a Faculdade de Direito, o Lyceu, os órgãos públicos, oito consulados que nós tínhamos lá, não ficou nada."

Questionado se todas essas perdas não foram compensadas pela preservação da arquitetura e das tradições, o que rendeu o título concedido pela Unesco, o pesquisador, que atualmente preside o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) acredita que não. E argumenta: "Mesmo nessa questão, muita coisa foi perdida. Muitas casas foram derrubadas, a própria Cruz do Anhanguera está numa nova conformação. O que eu falo é de uma perda muito maior, do tecido cultural, da decadência cultural. A evolução cultural da cidade de Goiás foi dilacerada."

Se a retirada do status de capital do estado tirou muito dos vilaboenses, deixou para trás mais de 200 anos de história, que não se apaga com "canetadas" ou decisões políticas de quem tem o poder momentâneo.

Na cidade de Goiás ficaram as ruas de pedras, os paralelepípedos, os prédios históricos, os casarões, as igrejas, muitas erguidas pelas mãos calejadas dos escravos e muitas, muitas tradições preservadas até hoje.

Mas o vilaboense demorou para perceber o quanto havia ficado na primeira cidade goiana. Talvez, por conta do trauma e do orgulho ferido pelas perdas causadas com a transferência da sede do poder, os moradores da cidade de Goiás levaram muitos anos até se atentarem de que havia algo que não se podia levar dali. E que isso poderia devolver muito do que foi perdido à antiga Vila Boa.

O professor Bento Fleury conta que, apenas décadas depois, é que essa consciência começou a fluir. A criação da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (Ovat), por Helder Camargo de Bastos e a folclorista Regina Lacerda, em 1967, alavancou essa reação. "A Ovat foi criada para manter viva a identidade e documentar essas tradições. Essa instituição se renovou. Então, grandes literatos, pintores, poetas, cantores, as bandas de música, as tradições do folclore, da Semana Santa, da Folia do Divino, da Folia de Reis foram reestruturadas. Agora, inclusive, em setembro, vão voltar a ser realizada as Cavalhadas de Goiás, que há mais de 70 anos que não eram feitas. Então parece que houve um reordenamento de toda essa cultura e, hoje, felizmente é o ponto forte da cidade", analisa o pós-doutor.

Toda essa carga histórica foi reconhecida, mundialmente, com a concessão, pela Unesco, de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, em 2001. Além do patrimônio histórico, a cidade de Goiás, ainda, guarda, em seus domínios, grandes riquezas naturais. A majestosa Serra Dourada, que testemunhou o nascimento do Arraial de Santana a seus pés, é o cartão de visitas para uma região que é puro encanto.

Desde junho de 2003 integra o Parque Estadual da Serra Dourada, unidade de conservação que abriga ainda toda a região de entorno da cidade de Goiás, as nascentes do Rio Vermelho e os distritos históricos em volta da antiga capital de Goiás.

Quem se aventura pelo parque encontra grutas, uma grande diversidade de fauna e flora do Cerrado. A serra também tem um areal, de onde é retirada a matéria-prima usada para pintar quadros, como os que ficaram famosos pela artista Goiandira do Couto. E ainda é possível admirar toda a beleza da região, em um mirante no alto da serra.

Demandas atuais

Mas nem só de turismo vive a cidade de Goiás. Para além daqueles que visitam a cidade, o município também abriga 24.071 moradores, segundo os dados do último censo, divulgados há poucos dias pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E é essa população que mora na cidade, que o deputado Wagner Neto (Solidariedade), representante da região, tem priorizado nas suas ações na Assembleia Legislativa de Goiás.

O parlamentar nasceu e mora até hoje na vizinha Itapuranga, mas também tem outros laços com a cidade de Goiás. "Itapuranga, cidade em que nasci e resido, era Goiás antes de ter sua emancipação política. Também temos familiares distantes com o sobrenome Camargo. Porém o meu vínculo maior com a cidade de Goiás é político, tenho grande satisfação de representá-la. Fui o terceiro deputado, entre os eleitos, mais votado na cidade", diz Camargo.

O deputado já destinou emendas ao município, para investimentos nas áreas da saúde, educação, turismo e infraestrutura. Além disso, tem sido, também, sendo um interlocutor das demandas da cidade, junto ao governo estadual.

Um dos setores em que o parlamentar tem atuado é na organização e qualificação dos empreendedores do município, especialmente os que atuam diretamente no atendimento ao turista. "Nós, como representantes, estamos buscando alternativas, no diálogo com todo o setor produtivo, para avançar cada vez mais no seu desenvolvimento", sublinha Wagner Camargo.

Além disso, a defesa dos pequenos produtores, como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar, segmento muito presente no município, é outra área em que o deputado têm trabalhado.

As obras de infraestrutura no município também tem sido objetivo de Camargo. "Estamos extremamente comprometidos na criação de um anel viário na cidade de Itaberaí, para que possa melhorar o tráfego, nesse trecho do perímetro urbano, que tem tudo a ver com a rota Goiânia-Goiás. Da mesma forma temos um sonho, que é a pavimentação da GO-429, que interliga Itapuranga à cidade de Goiás. São 35 quilômetros e este ano já será licitado o projeto para a execução da obra. A gente acredita que nessa legislatura essa obra se inicie e, quem sabe, pode até ser concluída ainda durante estes quatro anos e nós vamos estar empenhando muito para que isso tudo aconteça", avalia o parlamentar.

Agência Assembleia de Notícias
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