Durante o seminário em comemoração aos 20 anos do Sistema Único de Assistência Social (Suas), especialistas destacaram a importância da atuação da psicologia no contexto da proteção social, com foco especial na luta contra a violência de gênero.

A conselheira vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP) da 9ª Região de Goiás, Eliana Pelles, elogiou a atuação de Luciana Amorim, presidente da Comissão Especial de Psicologia na Assistência Social, descrevendo-a como uma "pessoa incansável nos direitos humanos". Pelles também anunciou que o conselho está finalizando uma nota técnica para orientar a atuação de psicólogos no Suas, buscando dar mais clareza à população e, principalmente, ao Poder Judiciário.

Já a conselheira presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Alessandra dos Santos Almeida, reforçou a importância do trabalho em rede. "O Suas nos permite efetivar o que é princípio de toda política: intersetorialidade", disse, afirmando que o papel do Suas transcende o óbvio e possui articulação e colaboração entre diferentes setores e áreas, com o objetivo de resolver problemas complexos de forma integrada e eficiente.

Visão multidisciplinar

Procuradora de justiça do Ministério Público de Goiás, Rúbian Correa enfatizou a necessidade de uma visão multidisciplinar no enfrentamento da violência contra a mulher. "É preciso valorizarmos, principalmente nós do sistema de justiça, essa parceria de fundamental importância. Ao se defrontar com a Lei Maria da Penha, o jurista não pode ficar fechado apenas na ciência; é preciso ampliar e abrir o olhar para estudar a outra ciência, e aí entra o profissional da psicologia para que se possa entender a razão dessa mulher permanecer nesse ciclo de fatos e circunstâncias de violência, a qual muitas vezes não consegue se libertar", pontuou.

A titular da Delegacia Estadual de Combate à Violência contra a Mulher em Goiás, Ana Elisa Gomes, ressaltou que o apoio e a colaboração entre os profissionais são indispensáveis. No entanto, a delegada expressou preocupação com o cenário atual, discorrendo que falar sobre a proteção à mulher e combate à violência contra a mulher é um desafio, mas, infelizmente, ela não tem boas perspectivas para o futuro. "O cenário é muito ruim", concluiu.