* Jose Nelto é deputado estadual pelo PMDB

A segurança, para a vida social das pessoas, é uma necessidade básica. E, por isso, é um dever fundamental do Estado. Sem segurança adequada, voltamos à barbárie e perdemos a confiança para fazer as coisas mais simples, como andar pelas ruas, ir às compras, levar os filhos à escola e assim por diante.

Hoje, o que estamos presenciando em Goiânia é um exemplo claro de falta de segurança para que cada cidadão siga em frente com a sua vida. Na última quinta-feira, na porta da minha casa, meu carro foi roubado depois que o meu motorista foi rendido por assaltantes com arma em punho. No dia seguinte, um empresário que acabara de descer do seu automóvel foi baleado e morto. Entre os dois casos, a mulher do jornalista Cid Ramos também teve o seu carro levado por bandidos que encostaram um revólver na sua cabeça.

Ao registrar a ocorrência na delegacia e informar que o veículo roubado pertencia a um deputado, o meu motorista ouviu um apelo dos policiais que ali se encontravam: “Diga ao deputado para usar a sua força na Assembleia para exigir providências, porque em Goiânia estão sendo roubados diariamente carros em número que supera qualquer previsão.”

Eu mesmo, no dia seguinte, conversei com amigos que trabalham nas duas polícias, a Civil e a Militar, e eles me disseram que as estatísticas oficiais da Secretaria de Segurança, apontando uma média de 10 carros roubados por dia em Goiânia – número que já é inaceitável –, não são verdadeiras. Na nossa Capital, o dado real é muito superior, conforme o meu motorista foi informado no momento em que registrou a ocorrência de que fora vítima, inclusive pelo volume dos BOs escriturados naquela data.

Algo estranho está acontecendo. Mas não é difícil concluir que passamos por um momento em que a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar, esta através do comando do policialmento de Goiânia, atravessam uma séria e perigosa desorientação. Seus dirigentes maiores perderam a liderança, não conseguem motivar mais os policiais e sequer formulam planos para melhorar a segurança dos cidadãos. Não reagem aos acontecimentos, enfim, permitindo que vidas sejam ceifadas enquanto a indústria do crime cresce próspera e impune.

Durante toda a minha vida pública, aprendi que uma autoridade só é bem-sucedida quando assume plenamente as suas responsabilidades. E é isso que é preciso agora. Se a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar estão falhando, compete ao governador do Estado tomar com pulso firme as providências necessárias. Mas com rapidez e inteligência, sem vacilar, com foco na solução do problema – ou seja, devolver a segurança aos moradores de Goiânia.

O desmantelamento da ROTAM, com certeza, está na origem do incontrolável aumento dos índices de criminalidade na nossa Capital. Na Assembleia Legislativa, nos próximos dias, pretendo suscitar o debate em torno do assunto, convocando o secretário da Segurança Pública e os comandantes da PM para dar explicações sobre o quê e por quê está acontecendo com isso com a segurança em Goiânia. Em conjunto com os demais deputados, vamos exigir um posicionamento ágil dessas autoridades e ao mesmo tempo apelar para que o governador Alcides Rodrigues, em um instante de tamanha gravidade, intervenha pessoalmente no setor, restabelecendo a ordem, a paz e a tranquilidade para a comunidade goianiense.

Não me preocupo tanto com as perdas materiais, embora seja uma premissa da vida em sociedade a segurança de cada cidadão em relação ao seu patrimônio, constituído com o suor do seu trabalho. O que me deixa chocado é a perda de vidas humanas, valiosas vidas humanas, cujo valor é inestimável para os seus entes queridos e para o bem coletivo. Já perdi parentes em atos de violência que, anos depois, ainda permanecem sem esclarecimento. Agora, roubaram o meu carro e dou graças a Deus porque o meu motorista, um homem trabalhador, pai de família honrado, escapou ileso. Isso tudo tem o efeito, para mim, de um estímulo a mais para o meu trabalho como deputado, em busca de soluções concretas para a população.

Enquanto a Secretaria da Segurança Pública e o comando da Polícia Militar não agem, enquanto o governador não avoca para as suas mãos a responsabilidade e resolve o problema, o que nos resta é tomar o máximo de cuidados possível. Pais e mães, não fiquem dentro de carros estacionados e orientem seus filhos para que assim também se comportem. Não desçam do veículo, aliás, não parem sem antes observar as proximidades. Muita atenção na porta das escolas, das lojas, nas calçadas. Não se distraiam ao chegar em casa, na hora de entrar na garagem.

Há uma quadrilha de assassinos cruéis à solta em Goiânia; o seu alvo é o roubo de carros e – pelo menos neste instante – estamos a sós para enfrentá-la.