O Plenário da Câmara Municipal de Valparaíso foi palco na noite desta quarta-feira, 8, de uma audiência pública proposta pela deputada Lêda Borges (PSDB) para debater a questão da segurança pública em cinco municípios do Entorno Sul de Brasília, notadamente nas escolas da rede de ensino. A parlamentar autora da iniciativa fez avaliação positiva do evento, que contou com apoio da Comissão de Educação Cultura e Esporte da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), da qual é membro.

A audiência pública foi iniciada com a composição da mesa dos trabalhos, seguida da execução do Hino Nacional Brasileiro e do Hino de Valparaíso. Além do Coronel Adailton, que presidiu os trabalhos, participaram do evento: deputada Lêda Borges, deputados Wilde Cambão (PSD), representante do município de Luziânia; e Jeferson Rodrigues (PRB). Também o prefeito de Valparaíso, Pábio Mossoró (PSDB), o prefeito de Cidade Ocidental, Fábio Correa de Oliveira (PRTB), o vereador Zé Antônio (MDB), presidente da Câmara de Valparaíso, anfitrião.

E mais: Bia Lima, presidente do Sintego; tenente-coronel Samuel Arthur Bernardes, comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar de Valparaíso; coronel Avelar Viveiros, subsecretário de Educação, representante da Secretária de Estado da Educação; delegado de Rafael Abrão, representante da 5ª Delegacia Regional de Polícia; e major Juliano Borges, representante do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar.

O deputado Coronel Adailton, vice-presidente da Comissão de Educação da Alego, fez a abertura oficial do evento, cumprimentando os membros da mesa, agradecendo ao presidente da Câmara de Valparaíso, Zé Antônio, pela recepção, e enaltecendo a iniciativa de Lêda Borges.

Zé Antônio deu as boas-vindas aos presentes e lamentou o fato da audiência pública ter sido convocada em razão do falecimento do professor Júlio César Barroso de Sousa, assassinado brutalmente por um aluno da escola em que era coordenador pedagógico. Ele agradeceu a deputada Lêda Borges pelo que tem feito e segue fazendo pelo desenvolvimento de Valparaíso e região do Entorno.

Também discursou o prefeito do município, Pábio Mossoró (PSDB), que saudou os presentes e disse que a prefeitura buscou dar total apoio a família enlutada. Prometeu ações integradas com o Governo Federal, Governo Estadual e demais municípios do Entorno pela segurança pública na região.

Fizeram uso da palavra: prefeito de Cidade Ocidental, Fábio Correa de Oliveira (PRTB), que também destacou o trabalho integrado para conseguir segurança pública na região; Bia Lima, presidente do Sintego, que se solidarizou com os familiares do Colégio Céu Azul e disse que o Sindicato em nome dos profissionais de educação alerta para o fato de construir a segurança por muitas mãos. “Precisamos das famílias, da sociedade. Convidou a todos para fazer um grande abraço na segunda-feira na escola do professor Júlio César. Queremos paz!”, enfatizou.

O deputado Jeferson Rodrigues (PRB) falou da satisfação dele de trabalhar ao lado de outros deputados, citando os parlamentares presentes: Coronel Adailton, Lêda Borges e Wilde Cambão. Passou um projeto pela segurança pública aos seus colegas deputados.

Depois discursou Cambão, que pediu um minuto de silêncio “pelo falecimento do professor Júlio César e pelo jovem que cometeu esse ato insano”. Disse que o Parlamento estadual está imbuído do firme propósito de contribuir por segurança pública no Estado. “Esperamos uma contribuição substanciosa da comunidade escolar.”

Coronel Adailton voltou a fazer uso da palavra e citou os principais casos de trabalhadores na educação que foram mortos e feridos em ambiente escolar nos últimos anos. “A deputada Lêda Borges foi feliz ao convocar essa audiência pública”, ressaltou.

"Constituição é o paraíso"

Em seguida, fez uso da palavra o coronel Avelar, subsecretário de Estado da Educação, que fez relato de situações de violências não apenas nas escolas da rede de ensino, mas na sociedade de modo geral, que tem preocupado autoridades. Lembrou que o papel da escola é ensinar. Disse que a Constituição de 88 é o paraíso, todo mundo tem direito. Lembrou que a Secretaria de Estado da Educação elaborou um protocolo de segurança, para acompanhar quem representa risco nas escolas da rede estadual de ensino. Adiantou que espera ser uma ferramenta importante na questão da segurança.

Depois Adailton passou a palavra para Lêda Borges, saudando-a como "a leoa" da região do Entorno de Brasília. A deputada falou da importância da audiência pública regional, sobretudo da opinião dos pais e dos jovens. "Ninguém veio aqui para ficar em cima da morte, mas para exercer nosso papel de contribuir, especialmente com a elaboração de leis que venham contribuir para melhoria da segurança pública. Opinem! Não adianta pacote pronto”, enfatizou.

E acrescentou: “A educação é a nossa melhor arma para garantir a paz, até mesmo para que as coisas não de degringolem mais”.  

Após os membros da mesa, mais de duas dezenas de populares fizeram uso da palavra e citaram casos de violências e ameaças de alunos a professores. Todos da comunidade escolar enalteceram o trabalho do professor Júlio César, saudando a memória dele com palavras de ordem.

Dos 13 vereadores da Câmara de Valparaíso participaram da audiência pública: Zé Antônio (MDB), presidente; Alceu Gomes (PSDC), Brandão (PTB), Flávio Lopes (PP), Professora Elenir (PSDB), Maria Neide (PSDB), Professor Silvano (PT) e Maria do Monte (PSDB). Também participam vereadores de outros municípios, a exemplo da Professora Jaqueline (PSD), que foi secretária de Educação de Luziânia.

Críticas ao governo estadual 

Após a audiência pública, a deputada Lêda Borges manifestou suas impressões sobre o evento. “Colhemos importantes alternativas que estaremos defendo com determinação com vistas à melhoria da segurança pública em nossa região, especialmente nas escolas”, ressaltou.

A deputada adiantou que vai se empenhar em busca de fortalecer o policiamento ostensivo nas proximidades das escolas da rede de ensino, sobretudo no Entorno Sul de Brasília. Ela disse que está assustada até agora com afirmação do governador Ronaldo Caiado (DEM) em diminuir investimentos na educação.

“É um absurdo um governador de Estado afirmar que vai diminuir gastos com Educação e dizer que economizou ao não ter mais o batalhão escolar, seguranças armados e vídeo monitoramento nas escolas”, desabafou Lêda Borges. A deputada ainda lamentou o assassinato do professor Júlio César Barroso de Sousa, 41 anos, do Colégio Estadual Céu Azul, alvejado com um tiro pelas costas e outro à queima roupa por um aluno de 17 anos, expulso por ele, coordenador pedagógico da escola.

Lêda disse que o aluno expulso pela manhã retornou à escola, no período da tarde, para cometer o crime. “Registramos esse crime bárbaro da tribuna da Assembleia, assim como a nossa solidariedade a toda comunidade escolar do Colégio Estadual Céu Azul, a todos os professores da região. Nós estamos todos muito apavorados. Não só os professores de Valparaíso, como também todos os professores da rede estadual. Não que a nossa região seja a mais violenta. Mas hoje ela também reflete a violência que há pouco tempo passou pelas escolas de Goiânia”, disse a parlamentar.

Para Lêda Borges, o momento é de muita reflexão, por isso solicitou à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa que realizasse essa audiência pública na região. Fez questão de agradecer ao presidente da Comissão, deputado Talles Barreto (PSDB), do partido dela, pela forma rápida que acolheu o seu pedido. “Felizmente, conseguimos uma participação expressiva de nossas autoridades municipais, ouvimos atentamente as comunidades escolares dos cinco municípios do Entorno Sul de Brasília, que colocaram alternativas para a segurança nas escolas públicas do Estado de Goiás. E assumimos compromisso de ajudar a colocar algumas delas em prática”, sintetizou a deputada.