Marina Silva sublinha relevância da Comenda Washington Novaes e de trabalho conjunto pelo meio ambiente
Após receber do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), a Comenda Jornalista Washington Novaes, em sessão especial realizada na tarde desta quinta-feira, 17, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima no Brasil, Marina Silva, falou ao público goiano a partir do púlpito do Plenário.
“Às vezes, receber homenagem fora do nosso País é motivo de muito orgulho, mas dentro do próprio País não é mais fácil, porque é aqui que a gente tem que viver as contradições, contrariar interesses, ainda mais quando se trata de uma agenda como a do meio ambiente”, discursou a ministra, que manteve a comenda, no pescoço, durante seu discurso.
Marina disse que, no seu trabalho anterior como ministra do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008, receber de Washington Novaes “uma pequena frase de reconhecimento era motivo de muita celebração”. Ela se referiu ao jornalista como “alguém que nos dava um feedback muito profundo. Era muito respeitado, mas, por contrariar interesses, não era, com certeza, uma unanimidade”. Washington, a ministra prosseguiu, não teria deixado uma herança, que “diminuiu quando dividida”, mas sim um legado, que “quanto mais compartilhado, mais cresce”.
Com vasta experiência em causas ambientais, Washington Novaes foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, nos anos 1990, e autor de livros e documentários sobre o tema. Natural do interior de São Paulo e radicado em Goiás, faleceu, em 2020, em Aparecida de Goiânia. A proposição da entrega da comenda à Marina Silva foi de Antônio Gomide (PT), que, na Alego, capitaneia a Frente Parlamentar em Defesa da Chapada dos Veadeiros e a Frente Parlamentar em Defesa do Cerrado.
A ministra afirmou que gostaria que Novaes houvesse “assistido, no Pará, à Cúpula da Amazônia, com os oito países que compartilham a floresta”, depois de 14 anos sem esse tipo de reunião. A Cúpula, sublinhou, envolveu uma articulação de 27 mil pessoas da sociedade civil e também a participação de “potências florestais”, como Indonésia e República Democrática do Congo. “Tenho certeza de que ele ficaria feliz como eu ficaria”, disse.
Marina Silva destacou, em seguida, a importância do Cerrado, ressalvando “não haver um bioma maior que outro”. Ela afirmou estar em elaboração um plano de prevenção e controle do desmatamento do Cerrado. “Em função do desmatamento desse bioma, nós já estamos retardando o período chuvoso, como na região do Matobipa, em 50 dias. Já tivemos uma redução da superfície hídrica do nosso País em 15%”, complementou.
“Hoje nós temos consciência de que podemos ser diferentes coisas: ser uma potência agrícola e uma potência hídrica e florestal”, prosseguiu a ministra. “Em um País de 8 milhões de km2, tem lugar para o agronegócio, para os extrativistas, para a indústria, para todo mundo. O que é preciso é, dessa vez, criar um novo ciclo de prosperidade, que não deixe ninguém para trás”.
Marina Silva disse ver, no Brasil, hoje, uma grande oportunidade de que a luta da sustentabilidade não seja de esquerda nem de direita, abrangendo os mais diversos tipos de pessoas. “Esse é um momento em que ninguém vai conseguir fazer as coisas sozinho, e posso dizer que, no Ministério do Meio Ambiente, a gente trabalha exatamente desse jeito”, concluiu.