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Inclusão digital

25 de Abril de 2018 às 12:35
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Inclusão digital
Tema é analisado por parlamentares goianos e, em Goiás, dados apontam que população ainda está distante do processo de inclusão. Deputados apontam políticas que possam reverter este quadro.

Em 2008, foi promulgada, em Goiás, a Lei nº16.206/08, que institui a Semana Estadual de Incentivo à Inclusão Digital, a ser realizada, anualmente, na última semana do mês de março. O objetivo da norma é garantir o acesso universal da população goiana às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), o que inclui, necessariamente, a democratização do uso da internet no Estado.

Conforme informações divulgadas pela última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2011), cerca de 36% das residências em Goiás dispunham, na época, de microcomputadores com acesso à internet. Outro dado mostra que aproximadamente 60% da população residente no território goiano possuía aparelhos de telefones celulares.

Os números levantados pela pesquisa coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a universalização do acesso ao mundo digital é uma realidade ainda distante para uma parcela significativa da população goiana, que, conforme último censo (2010), girava em torno de pouco mais de 6 milhões de habitantes.

Esses dados revelam faces da exclusão digital em Goiás, o que torna atual a legislação citada no início desse texto. Mesmo após decorridos dez anos de sua promulgação, a inclusão digital ainda é tema fértil para indução de políticas públicas no Estado.

Ao se posicionar sobre o assunto, o vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa (Alego), deputado Virmondes Cruvinel (PPS), disse que, em seu mandato, tem buscado alternativas para fomentar a tecnologia através da legislação. “Sabemos da relevância dos marcos legais, como por exemplo, o Marco Civil da Internet, além de vários outros instrumentos que trazem progresso para o Estado”, pontuou.

O parlamentar ressalta ainda a importância do debate sobre a Legislação do Comércio Eletrônico, que foi iniciado em 2017, nesta Casa de Leis.

Na esfera do Executivo Estadual, o destaque vai para projeto piloto do Governo intitulado Cidadania Digital Já. A iniciativa, que vem sendo desenvolvido em parceria com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), visa a inclusão digital de segmentos específicos da sociedade goiana, tendo sido iniciado junto à população idosa da Capital, como informa o gerente especial de Fomento à Tecnologia da Informação e Inclusão Digital, Wellington Teixeira Soares, da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Goiás (SED).

“O projeto foi estruturado e executado correlacionando a ciência, a tecnologia e a inovação. Cidadania Digital Já foi uma solução proposta para atender as questões relacionadas à promoção da inclusão digital de segmentos mais fragilizados da sociedade. Para tanto, conta com a parceria do setor privado e de organizações do terceiro setor, apoiando a implantação de ambientes de tecnologia da informação e comunicação no território estadual”, esclarece Wellington Teixeira.

O gerente ainda observa que o projeto-piloto visa desenvolver estratégias para superação dos quatro principais obstáculos que, ainda hoje, atrapalham o processo de inclusão digital em Goiás. São as barreiras: (1) técnicas, relacionadas à indisponibilidade de cobertura do sinal de internet (Banda Larga, Wi-fi) a todo o território estadual; (2) econômicas, referentes à indisponibilidade da oferta de acesso aos dispositivos eletrônicos (microcomputadores, tablets, smartphones, TV digital) para o conjunto da população do Estado; (3) de uso qualificado, que tange à carência na oferta de instrutores capacitados para lidarem com os processos de alfabetização digital; e, por fim, (4) de atrativo das mídias digitais, relacionada à insuficiência no suprimento das demandas personalizadas de conteúdo dos serviços de governos, redes e entretenimentos digitais.

Membro titular da Comissão de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia da Casa de Leis, o deputado Simeyzon Silveira (PSD) toca num desses pontos ao ressaltar que, além da universalização do acesso, garantir a alfabetização digital deve ser algo primordial dentro das atuais políticas públicas. Ele destaca que o poder público deve atuar com eficácia e buscar detectar as regiões onde existe maior carência na oferta de tais serviços.

“Nós estamos hoje na era da tecnologia, e saber lidar com as questões digitais é fundamental para se encaixar no mercado de trabalho. O ignorante digital é praticamente o que era o analfabeto há anos atrás. E essa é a realidade ainda vivenciada por muitos. Goiás tem um vácuo ainda muito grande para se trabalhar nessa área. Qualificar as pessoas e promover inclusão digital é o primeiro passo para se promover a geração de emprego e renda”, pondera o parlamentar.

O conceito

Além da internet, o universo digital envolve a utilização de vários outros dispositivos tecnológicos, nos quais se incluem telefones celulares (smartphones), tablets, microcomputadores (de mesa ou portáteis como laptop, notebook, ultrabook, netbook, palmtop)e televisão. O termo inclusão digital é, neste sentido, mais uma variável que se insere no conceito, anteriormente conhecido, da inclusão social, que diz respeito ao conjunto de meios e ações que visam oferecer oportunidades iguais de acesso a bens e serviços a todos os cidadãos inseridos numa dada sociedade.

No caso em análise, estar incluído digitalmente significaria, portanto, ter a possibilidade de acesso às já citadas tecnologias do mundo digital. Para haver inclusão digital, tal oportunidade deve ser universalizada e alcançar todos os cidadãos de um determinado território, o que engloba as esferas: nacional, estaduais e municipais.

A Lei Federal n° 12.965/14, intitulada Marco Civil da Internet, é a legislação mais recente sobre o assunto. Nela estão inscritas as principais orientações para regulação do uso da internet no Brasil. Trata-se de uma série ordenada de princípios, garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, bem como da determinação de diretrizes para a atuação do Estado.

Dados nacionais

A exemplo do que ocorre em Goiás, a universalização do acesso ao mundo digital é uma realidade ainda igualmente distante para a uma parcela significativa da nação brasileira, onde apenas 57,5% da população (cerca de 102 milhões de pessoas) pode ser considerada incluída digitalmente. Isso é o que mostram informações publicadas no suplemento “Acesso à Internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal”, divulgado, em 2016, pelo IBGE. O documento integra PNAD realizada no ano de 2015.

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