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Deputado Luiz Sampaio cobra revisão de medida que ameaça o setor leiteiro

O deputado estadual Luiz Sampaio (Solidariedade) subiu à tribuna do Plenário Iris Rezende, nesta terça-feira, 21, para manifestar preocupação com a situação dos produtores de leite de Goiás e de todo o Brasil, diante da recente decisão do Governo Federal de alterar o entendimento técnico sobre a investigação de dumping nas importações de leite em pó da Argentina e do Uruguai.
Segundo o parlamentar, a mudança, feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ignora mais de 20 anos de prática consolidada e abre espaço para a concorrência desleal, ao desconsiderar o leite em pó como produto similar ao leite in natura, impedindo a aplicação de tarifas antidumping.
“Essa decisão é um duro golpe para quem vive do campo e ameaça a sobrevivência de milhões de famílias rurais que tiram o sustento da produção de leite”, afirmou Sampaio.
O deputado destacou que, em Goiás, o setor leiteiro possui um papel estratégico para a economia, tanto pela geração de emprego e renda quanto pela contribuição ao abastecimento nacional.
De acordo com dados do IBGE, no primeiro semestre de 2025 o Estado produziu 1,15 bilhão de litros de leite, um crescimento de 7,6% em relação ao mesmo período de 2024. Com esse resultado, Goiás se consolida como o sexto maior produtor de leite do país, respondendo por 8,8% da produção nacional neste ano. O município de Orizona segue como o principal produtor goiano.
Apesar do avanço, os produtores enfrentam queda nos preços pagos ao litro do leite, em agosto de 2025, a média estadual foi de R$ 2,44, uma redução de 3,9% em relação ao mês anterior. No cenário nacional, a média medida pelo CEPEA foi de R$ 2,54, pressionada pelo aumento da oferta e pela demanda doméstica ainda em recuperação.
“Esses números mostram a força e a responsabilidade do produtor goiano, que trabalha de sol a sol, enfrentando custos altos e agora mais essa injustiça imposta por uma decisão política equivocada”, pontuou Sampaio.
Desafios do setor
No comércio internacional, o Brasil segue com déficit na balança de lácteos. Somente em agosto de 2025, as exportações somaram US$ 7,3 milhões, enquanto as importações ultrapassaram US$ 79 milhões. Em Goiás, o saldo também foi negativo: US$ 93,7 mil exportados contra US$ 452,4 mil importados, o que evidencia a dependência de produtos externos e a vulnerabilidade do setor nacional.
Além disso, o valor médio por tonelada do produto importado (US$ 7.250) foi 241% superior ao das exportações goianas (US$ 2.122), reforçando a necessidade de políticas públicas que estimulem a industrialização, agregação de valor e competitividade do produto local.
Entre as alternativas promissoras apontadas pelo setor está o leite A2A2, produzido por vacas com genética específica que gera uma proteína de digestão mais leve. O produto vem ganhando espaço no mercado interno, especialmente na região Centro-Oeste, e representa uma oportunidade de diferenciação e maior rentabilidade para os produtores goianos.
Decisão federal
Durante o pronunciamento, Luiz Sampaio fez um apelo ao Governo Federal para que reconsidere a decisão do MDIC, escutando as entidades representativas do setor, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Ambas as instituições têm criticado a postura do ministério e alertam para o risco de um precedente perigoso que retira dos produtores o acesso ao sistema de defesa comercial brasileiro.
“O produtor rural não quer privilégio, quer respeito e condições dignas para continuar produzindo o alimento que chega à mesa de todos os brasileiros. Defender o produtor é defender o futuro do nosso país”, concluiu o deputado.